A partir do texto da entrevista do Complex surgiram algumas palavras fundamentais tanto para o entendimento do projeto da bolsa, quanto para o entendimento do jogo e da prática educomunicativa, no geral.
Falamos a respeito da interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. O que são? Quais seriam suas diferenças?
A interdisciplinaridade estaria envolvida, sobretudo, com as disciplinas e suas integrações, buscando uma maior capacidade de relacionar informações e estabelecer conhecimentos. Uma mudança na perspectiva de entendimento e compreensão de conteúdos, informações e elaboração do conhecimento.
A transdisciplinaridade é uma abordagem que parece muito com o Rizoma, apresentado pelo grupo do jogo, apoiado nas ideias de Deleuze & Guattari. Ela visa a unidade do conhecimento. Assim como a interdisciplinaridade, visa uma mudança nessa compreensão da realidade, mas ultrapassa a integração das disciplinas. Trabalha além e através, com o intuito de realizar esse rizoma como um todo, através das realidades, buscando justamente a compreensão da complexidade (apresentada pelo grupo por Morin). Busca a integração, respeitando as individualidades.
Chega então, não com a proposta de ser “uma mera adição do conhecimento, mas como uma organização dele”.
Dessa forma, o conceito de Rizoma de Deleuze & Guattari junto com o entendimento de A Cabeça Bem Feita, de Morin, faz todo sentido partindo daí, pois os três conceitos conversam e somam entre si.
O rizoma, a partir dessa interpretação, é entendido como uma forma de pensamento ampla, que inclui as mais diversas temáticas e formas e, por conta disso, é capaz de somar, tirar, relacionar, refletir, fazer as ligações necessárias, para a construção das redes de relações e comunicação, que de certa forma, educam.
E é justamente isso que Morin propõe em sua reforma do pensamento, afirma que a sociedade atual está acostumada e sendo ensinada (pela própria estrutura de ensino) a exercitar a fragmentação do pensamento, a segmentação. Assim, não consegue olhar para o todo, só para o localizado, o que acaba tornando impossível de entender a complexidade e a condição humana a partir dessas partes separadas.
E partindo do princípio de Morin, que diz que toda a produção humana (e foca na linguagem e na arte) tem uma reflexão profunda sobre a condição humana, existe aí a importância de se estudar globalmente, respeitando as individualidades, mas, forçando esse pensamento de unidade, conexão e de relação – objetivo esse buscado pela interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. O autor ainda fala que nascemos com essa capacidade de relacionar, mas, somos, a todo momento, convidados a deixá-la de lado, até que isso torna-se cada vez mais difícil de realizar, e aí aconteceria a reforma do pensamento, para conseguirmos trabalhar de forma transdisciplinar, possibilitando rizomas possíveis e conectados entre diferentes realidades. Isso, de certa forma, democratizaria o ensino, a recepção de conteúdos e o acesso a discussões, estabelecendo redes e conexões.
Não fica difícil, então, compreender porque, principalmente, esses três aspectos são fundamentais para o entendimento da Educomunicação, do projeto da bolsa e do próprio jogo Complex, já que apresentam os princípios de uma educação que pretende ser democrática.
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Fonte de pesquisa:
MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento / Edgar Morin. 8a ed. -Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,2003.
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