Pesquisa de mestrado sobre memes e educação

O encontro promovido pela disciplina de CCAII foi com o pesquisador Prof. Me. Douglas Calixto, que falou sobre sua pesquisa de mestrado sobre memes e educação, tese que foi premiada como a melhor tese de mestrado da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo no ano de 2017.

Calixto falou sobre sua experiência de intercâmbio e de ter estudado em sua graduação na Califórnia e como isso impactou na sua formação como educomunicador. Numa segunda etapa da palestra  ele contou sobre seu projeto como educador e sobre suas experiências em formação de professores.

Por fim ele falou sobre sua tese de mestrado que era o tema do encontro; sua tese sobre memes da internet apresenta um questionamento diante das criações de redes sociais, levantando questões como o que são as redes sociais na internet? Ou, por que memes fazem sucesso? Ou, por que a “zoeira” é importante para pensar a comunicação? ou ainda, vivemos num mundo acelerado?

Calixto reflete que as produções na internet não são obra do acaso, há interesses comerciais e mercadológicos não apenas na divulgação do uso de redes sociais e as propagandas vinculadas nelas, mas a criação de modelos e tendências. O uso de memes, utilizado em sua maioria por jovens representa uma forma de tentar entender os gostos e preferências dos jovens, o exemplo mais comum dessa tendência foi a série Strange Things produzida pela plataforma Streaming Netflix a partir de algoritmos das preferências dos jovens que utilizam as redes sociais.

Calixto citou o pensador e teórico Barry Schwartz que fala sobre a teoria do paradoxo da escolha como referencial para a sua tese de mestrado. A teoria apresenta que apesar de na contemporaneidade temos múltiplas escolhas ainda somos infelizes e insatisfeitos além de ter promovido pesquisa de campo em escolas públicas para entender o uso das redes sociais assim como o uso de memes por jovens.

Outro ponto importante em sua fala foi a importância de entender que atualmente não vivemos em mundos separados, existe uma relação simbiótica entre mundo real e virtual que não deve ser esquecido. A conexão do mundo virtual com o mundo real, à exemplos são as declarações racistas nas redes sociais que apresentam efeitos reais nas vidas das pessoas que promovem esse tipo de declaração assim como das pessoas que lêem.  

 

Uma experiência com jogo e aprendizagem

23/11/2018 – Uma experiência com jogo e aprendizagem

As convidadas foram  Júlia Daher e Cláudia da ONG Ação Educativa. Vieram falar um pouco e mostrar a prática do jogo  criado pela organização com o intuito de estimular a participação de crianças e adolescentes a participarem das políticas públicas da cidade, nesse caso, as educacionais, na construção e reelaboração dos planos de educação, em um monitoramento participativo.

(O quê se formos parar para pensar tem tudo a ver com o que estávamos produzindo como avaliação na disciplina de Tecnologias da Comunicação na Sociedade Contemporânea (CCA 0290). Ver mais 

Dessa forma, o jogo aparece como uma estratégia que seja prazerosa, uma tentativa de aproximação e conversa com a realidade daquele público em específico, assim, uma solução educomunicativa  de participação ativa do sujeito, da autonomia nas discussões e tomada de espaços que já são garantidos por lei, mas que muitas vezes não existe a aplicabilidade correta e a cobrança necessária por parte desse público.

Foi um encontro bastante interessante para se pensar nas formas e nos porquês que iniciativas educomunicativas podem acontecer e, mais uma vez, serviu como exemplo e modelo de processos que podem existir em ambientes profissionais, sejam esses de educação forma ou informal. Tivemos a oportunidade de jogar, o que auxiliou nessa reflexão sobre o que fazer, o como fazer e o porque fazer.

Para saber mais ou baixar o jogo clique aqui.

Experiência com o produto audiovisual

09/11/2018 – Experiência com o produto audiovisual

A convidada foi Vanessa Pipinis que também fez parte do ciclo de formação do Canal Futura.

Apresentou algumas leituras e materiais de formação dos projetos dos canais e discorreu um pouquinho sobre o método de trabalho com audiovisual. E o mais importante, não na sua produção, mas sim, na forma de trabalhar o conteúdo que aquela produção oferece. O que, enquanto formação em educomunicação, é extremamente importante uma vez que essa mediação entre o produto audiovisual e/ou tecnológico e o educando é um dos pilares do curso, apresentando esse produto como uma ferramenta para autonomia e pensamento crítico na educação.

Vanessa também apresentou suas experiências com os processos de mobilização e a importância deles ocorrerem quando tratamos de projetos sociais e populares e ainda como esses processos nos auxiliam a pensar nas realidades diversas e nas mensagens que não conseguem chegar e no diálogo que acaba por não ser realizado se não há a mobilização necessária para tal. Nesse ponto, ela aproximou-se muito do que o encontro anterior, do Prof. Tiago Gomes, também do Futura apresentou como pontos de identificação: disse que o primeiro passo seria o que aquelas pessoas participantes fazem, quais os repertórios presentes no grupo, para daí reconhecer e aproximar-se das realidades e do projeto de formação e mudança de imaginário. Disso, apresentou um roteiro de ação nesses projetos, de integração, sensibilização, problematização, solução, socialização,  etc.

O importante nesse encontro foi ter sido, talvez, a atividade que mais possibilitou perceber de fato a prática educomunicativa e levá-la como exemplo e modelo a seguir a depender da situação de trabalho. Além disso permitiu uma melhor visualização do trabalho efetivo com as tecnologias – não só a produção, mas como a formação e a educação entram no seu consumo.

Alguns projetos apresentados por Vanessa:

Maleta Juventudes

Crescer sem Violência

Diz Aí  

Maleta Por que pobreza?

 

Conversa sobre Cinema e Formação do sujeito

26/10/2018 – Conversa sobre Cinema e Formação do sujeito

O convidado  foi o Prof. Me. Tiago Gomes. Esse encontro fez parte de um ciclo de formação do Canal Futura.

A conversa girou a respeito da construção da narrativa no cinema brasileiro, sobretudo, se falarmos do cinema na favela, como estória ou como produção. E a partir disso, apareceu uma das reflexões mais importantes da aula: como enegrecer ou embranquecer a partir de quatro aspectos, são eles o biótipo, o figurino, o espaço e a companhia. E como todo o imaginário brasileiro é influenciado por novelas, programas de televisão, filmes e noticiários, na linha do tempo da história é influenciado por esses aspectos. Daí, abriu-se discussão sobre a diferença da vulnerabilidade e da invisibilidade, muitas vezes andam juntas, mas é preciso identificá-las com clareza, para então trabalhar a partir dessa realidade posta.

Foi debatido também sobre o projeto território popular e como pode ocorrer essa mudança de imaginário das próprias pessoas que vivem na favela ou em realidades marginais do modelo tradicional de sociedade ocidental, a partir disso, conversa-se sobre uma disputa do campo simbólico, no qual se concorre a mudança de sentido e, com ela, uma mudança de perspectiva. Tiago apresentou algumas perguntas que utilizava no início do seu processo com os jovens para, então, começar a trabalhar o audiovisual. Elas servem  para localização, conscientização e, acredito, uma espécie de terapia (de saber quem sou eu e a importância disso) do sujeito. Anotei para tentar levar como inspiração nos processos educomunicativos, muito importante se pensarmos por exemplo em Paulo Freire e no trabalho  a partir das realidades presentes nas rodas dialógicas. Enfim, as perguntas, são elas:

  • Quem é você?
  • O que você gosta de fazer?
  • O que/a quem interessa você fazer isso?
  • Como utilizo a cidade?

A partir disso, conseguimos entender um pouco da trajetória do convidado e com ela, o que deveria ser apresentado nesse encontro: a realidade do cinema na favela, sendo narrativa ou produção; os projetos criados para isso e as formas que foram trabalhados.

Em relação a isso, as tecnologias que chegam a periferia e permitem todos esses projetos, mas também, a elitização do cinema brasileiro e ainda o apego às narrativas sobre a favela que estão no nosso imaginário: tráfico, guerra, morte, etc. O trabalho dele, então, vem sendo tentar desmistificar e estimular outros pontos narrativos, e não do que a sociedade acaba impondo como lugar no mundo para essas pessoas.

Partindo de todo esse  cenário, Tiago é mais um convidado a falar de políticas públicas como forma de desmistificar esses esquemas dados, e tentar criar uma nova lógica social para, então, diminuir a desigualdade – como por exemplo, permitindo a continuidade dos projetos.

Mais uma vez, é possível ver a educomunicação como área de mediação nessas atividades e nas discussões postas.

Algumas indicações do que foi falado em aula:

 

Uma reflexão sobre lugares de fala, diálogos iniciais e a Educomunicação

28/09/2018 – Uma reflexão sobre lugares de fala, diálogos iniciais e a Educomunicação

Os convidados da vez foram  Prof Esp. Saulo Silva e Prof. Esp. Jefferson Santos.

Foi um encontro importantíssimo mais uma vez para entender as diversas e diferentes trajetórias que podem ser seguidas realizando a educomunicação, e também, fazer pensar que os acontecimentos não se dão de formas lineares mas somam à formação do sujeito. Foi esclarecedor ao trazer alguns temas como sistema carcerário, educação popular, educação inclusiva e educação em regime de liberdade – todos, de certa forma,  vinculados à educomunicação e qual o papel  dela diante essas situações.

É possível identificar na lembrança desse encontro formas, não como receitas de bolo, mas que funcionaram naqueles contextos de trabalho e que podem servir de exemplos a serem passados para frente. Além disso, é importante perceber que na maioria das vezes, vai ser feito o que dá pra ser feito com o que se tem. Ou seja, não vai ter como esperar a situação ideal de trabalho e ferramenta, porque senão, não se faz nada. Uma visão pessoal é que o educador motivado traz consigo muita resiliência.

As falas de  Jefferson ecoam na cabeça toda vez que vou me apresentar em um projeto novo por trazerem reflexão sobre o lugar de fala, sobre a permanência nas universidades, sobre a Fundação Casa – que atualmente é onde realiza o seu trabalho (através da ONG Ação Educativa ) como educador e busca trazer o cinema e suas ferramentas nesse processo, além da tentativa de dialogar sobre os valores civilizatórios negros e brancos e o cinema negro. Ecoam por conta da pergunta feita: Quem pisa, em sua maioria, nesses lugares? Quais são as diferenças?

Outro ponto levantado, a partir desse trabalho realizado com jovens em privação de liberdade, é do tema gerador que vem de Paulo Freire, e Jefferson nomeia de “pontos empáticos” por conta da leitura Na Linha Tênue  (uma das leituras sugeridas). Isso seria o inicio de um diálogo, de um processo comunicacional entre os sujeitos participantes. É uma linha de ação e investigação de quem seria àquela pessoa que eu tento dialogar, e a partir daí, o trabalho ser feito em conjunto e não como no ensino tradicional, para/por alguma coisa ou alguém.

Faz, assim, como dito anteriormente, um paralelo  com pontos de Paulo Freire e a educação popular e a Educomunicação. Mais uma vez, há uma reflexão sobre as políticas públicas, agora, chamando a atenção para a diferença entre elas e as políticas de governo e daí a importância da Educomunicação e de projetos educacionais no geral passarem de uma política de governo para uma política pública, tentando buscar também a continuidade dos processos, como já dito.

E, trazendo a reflexão sobre o círculo da marginalidade e da desigualdade como uma construção, favorece pensar no papel da Educomunicação nesse cenário: como ela pode trabalhar para informar de uma forma mais eficaz quem precisa, colaborando para um pensamento critico e autônomo e o que fazer com essa informação  após se dar conta dos lugares de privilégios.

Para encerrar e dar sentido ao que foi dito, sobre projetos educacionais é sempre importante, seja qual for e aonde for, levantar os seguintes questionamentos: Para quê? Qual o meu objetivo nisso tudo? Qual o objetivo pedagógico disso?. Se essas questões não tiverem respostas, é melhor parar e repensar no que está sendo feito.

Leituras indicadas:  O herói com rosto africano, Mitos da África – Clyde W. Ford,   Negritude,  Usos e Sentidos – Kabengele Munanga,  Cinema e Educação – Rosália Duarte.

As realidades discutidas lado a lado com estudantes da graduação em Licenciatura em Educomunicação

17/08/2018 – As realidades discutidas lado a lado com estudantes da graduação em Licenciatura em Educomunicação

A primeira aula foi na presença de Alexandre Moreira, convidado que falou sobre seu trabalho com formação de professores para educação inclusiva no Instituto Rodrigo Mendes, Marcela Riccomini, que realiza estágio na ONG Quero na Escola  e Patricia Giannini Beyersdorf, também participante do programa de estágio, no Video Camp , relacionado ao Instituto Alana. As duas últimas graduandas e o Alexandre já formado em Licenciatura em Educomunicação.

Além do bate papo sobre experiência e trajetória profissional de cada um, o que é muito importante para quem acaba de entrar no curso por facilitar a visualização de perspectivas e identificações com áreas e tipos de trabalhos, uma reflexão importante foi a respeito do próprio curso: a construção do espaço em conjunto e da militância necessária para conquista desse ambiente, seja acadêmico ou pessoal.

E dentro desse contexto, foi possível conversar sobre a formação integral do sujeito, a necessidade que o educador tem de sempre buscar e ir atrás, aprender a aprender – e isso de forma alguma se dá apenas dentro da sala de aula ou dentro de um curso de universidade. Daí a importância de quando falamos da transdisciplinaridade e do trabalho prático. Com o primeiro, é possível ultrapassar os limites estabelecidos socialmente de informação e criar rizomas de conhecimento, conectando todos os aspectos da aprendizagem. O segundo possibilita a ampliação dessas conexões e o entendimento aplicável da teoria. Assim, não limita-se o indivíduo em desenvolvimento (tanto o graduando, quanto o professor Doutor, quanto o aluno do ensino básico – se entendermos que diante dessa perspectiva, todos estão em constante processo de formação pessoal e aprendizagem), há uma formação de corpos e não apenas de meros profissionais, dessa forma, todas as experiências são válidas.

A partir desse encontro, juntamente com a disciplina de Fundamentos Epistemológicos da Educomunicação(CCA-0287) foi possível começar a enxergar a necessidade de se ter a Educomunicação como política pública, tentando repensar a educação e a importância da continuidade das  atividades em âmbito educacional.

Sobre os projetos: